A CIDADE FORA DELA

2011

Video-instalação de três canais e soundtrack

Dimensões Variáveis / Duração 31’08”

Este vídeo surge como o primeiro trabalho de uma série de fotografias, vídeos, textos, composições musicais e desenhos reunidos sob o título “Pequenas histórias de modéstia e a dúvida”.  

A videoinstalação “A cidade fora dela” consiste em três projeções de vídeo, de dimensões variáveis, dispostas de maneira diferente da tradicional forma do tryptikon em forma de altar. Para optimizar a visualização de suas mais recentes investigações sobre a sincronicidade e a multiplicidade das coisas, Dias & Riedweg procuraram desenvolver um dispositivo de apresentação em que imagens filmadas ao mesmo tempo e de um mesmo local, mas em diferentes ângulos e velocidades, possam materializar a existência de uma realidade mais complexa, em planos superpostos ao invés dos tradicionais planos juxtapostos, aos olhos do espectador da obra. Aos pequenos sons registrados nos locais filmados é ainda sobreposta uma composição para piano criada pelos artistas para acompanhar os ângulos captados pelas três câmeras.

Em diálogo com a forma escolhida, “A cidade fora dela” apresenta o tema proposto, a cidade enquanto meio, retratando aspectos aparentemente desconectados, mas na realidade integrados. Na verdade, a cidade aqui é vista de dentro para fora, de dentro dela mesma, mas de dentro de sua parte mais estigmatizada e desconhecida, a favela, a parte normalmente conhecida como a parte de fora. A cidade retratada é o Rio de Janeiro, onde vivem e moram os artistas. As paisagens tão conhecidas da Lagoa, do Sambódromo, da Central do Brasil e do Corcovado reaparecem aqui, mas vistas no fundo, atrás de barracos, de pipas que entrecruzam o céu e através das janelas de biroscas perdidas onde se joga sinuca e se bebe cachaça enquanto a cidade anoitece, alheia em seu frenesi cotidiano. Os planos se sobrepõem... a cidade, seu cemitério, seus muitos prédios e carros, os faróis anoitecendo e as janelas se acendendo são sobrepostos por pipas voando no céu que escurece e as desbota, e estas são sobrepostas pela garrafa que se esvazia e dos tacos de sinuca que se movimentam na frente da janela da birosca de favela. Anoitece em todos os lugares. A cidade aparece como meio e testemunha disso. 

Fotos de instalações: Museu de Arte de Lucerna, Suíça, 2014; Lille 3000 Art Festival, França, 2015; Galeria Vermelho, São Paulo, 2014; Sicardi Gallery, Houston, 2013; Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, Brasil, 2012

ENQUANTO A MÍDIA TENTA PASSAR UM CONTEXTO E RECONSTRUÍ-LO COMO UMA MENSAGEM SIMPLES E SINGULAR, PARA FACILITAR SUA ABSORÇÃO E CONSUMO DENTRO DO MERCADO, NOSSO TRABALHO FAZ O OPOSTO: INSERE TODOS OS NÍVEIS DE COMPLEXIDADE E PARADOXOS

DIAS & RIEDWEG EM ENTREVISTA À GUY BRETT PARA O CATÁLOGO DA EXPOSIÇÃO NO LE PLATEAU, PARIS, 2005

 

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